sábado, 26 de março de 2016

Educação infantil é hoje um amplificador de desigualdade, diz professor da USP


Não basta oferecer uma vaga em creche, é preciso ofertar educação de qualidade. É o que defende o professor da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto Daniel Santos. Levantamento feito por ele mostra que crianças em situação de maior vulnerabilidade que frequentaram creches têm desempenho pior em avaliações feitas anos depois do que aquelas na mesma situação que não frequentaram a escola até os 3 anos de idade.
Santos utilizou dados do teste de matemática da Prova Brasil, aplicada aos alunos do 5º ano do ensino fundamental, e verificou se os alunos tinham ou não frequentado a creche e a pré-escola, e qual a escolaridade da mãe desses estudantes.
Alunos que frequentaram a creche e que estão em situação de maior de vulnerabilidade, ou seja, que têm mães nunca estudaram ou possuem o ensino fundamental incompleto, têm notas menores na avaliação, em relação a alunos na mesma situação, que não frequentaram creches. A situação é inversa quando se trata de alunos com mães que chegaram a acessar o ensino superior. As notas dos que frequentaram a creche é maior. Já na pré-escola, que atende alunos de 4 e 5 anos, o fato da criança ter frequentado a etapa ou não, não faz diferença entre os alunos em situação de maior vulnerabilidade.
"Nosso sistema [de educação infantil] funciona como um amplificador de desigualdade, ao invés de um redutor de desigualdade", diz Santos. As creches que atendem as crianças até os 3 anos de idade são cada vez mais procuradas por pais ou responsáveis, seja porque precisam conciliar o cuidado dos filhos com o trabalho, seja porque querem que as crianças sejam estimuladas desde cedo. Em várias cidades, há filas para conseguir uma vagas nas creches.
Na opinião de Santos, na educação infantil a escola deve oferecer para a criança o que a família não oferece. Dessa forma, os alunos em situação de maior vulnerabilidade deveriam se beneficiar mais estando na escola do que fora dela. "Não estamos falando em ensinar gramática, mas ensinar afeto e outras noções. São estímulos que todos deveriam ter e, se não têm em casa, deveriam ser supridos na escola", diz. "No ensino fundamental, eu concordo, melhor uma escola ruim que não estar na escola, mas eu não tenho certeza disso na educação infantil", acrescenta Santos.
O professor participou hoje (3) do debate Educação em Pauta sobre Primeira Infância, promovido pelo movimento Todos Pela Educação e Fundação Maria Cecília Souto Vidigal.
O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Alessio Costa Lima, presente no evento, admitiu que muitas vezes a educação infantil "oferece condições bastante precárias". Ele acredita, no entanto, que é necessário garantir o acesso da criança à escola para, a partir dai, demandar melhoras. "Acesso e qualidade caminham juntos, na medida em que, trazendo a criança para dentro da escola, vão surgindo novas demandas, profissionais mais qualificados, ambientes melhores", disse.
A coordenadora geral de Educação Infantil da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, Rita Coelho, destacou que a creche não é obrigatória. "Nenhum país universalizou e não se deve universalizar essa etapa, que é de transmissão de valores, de hábitos culturais. Há famílias que fazem questão que isso seja feito no âmbito privado", diz. Ela reconhece, no entanto, que a população mais vulnerável é que a menos tem acesso a serviços de qualidade, seja na educação, saúde ou outro setor.
O acesso à creche e pré-escola está determinado no Plano Nacional de Educação (PNE), lei que estabelece metas para melhorar a educação brasileira até 2024. De acordo com a lei, todas as crianças de 4 e 5 anos devem frequentar a pré-escola até este ano e, até 2024, 50% das crianças até os 3 anos devem ter acesso à creches. Atualmente, 89,1% das crianças estão na pré-escola e 29,6%, nas creches.

Fonte: http://www.radardaprimeirainfancia.org.br/educacao-infantil-e-hoje-um-amplificador-de-desigualdade-diz-professor-da-usp/


























POR QUE ATIVIDADES LÚDICAS SÃO TÃO IMPORTANTES PARA A CRIANÇA?



Em um mundo onde imperam celulares, tablets, computadores e outros eletrônicos, pais de crianças pequenas precisam nadar contra a corrente e aprender a se desconectar do digital para então conseguirem se conectar verdadeiramente com os filhos. O melhor jeito de estabelecer um vínculo forte com os pequenos é por meio de atividades lúdicas, ou seja, pela brincadeira.
Mas é a brincadeira de verdade, OK? Oferecer uma distração qualquer para a criança se distrair enquanto o adulto faz outra coisa não conta! Quer saber por quê? Então leia o post de hoje e descubra a importância das atividades lúdicas:

O brincar é um ato completo

Há vários tipos de brincadeiras, e todas têm sua importância. Ao fantasiar, entrar no mundo de faz de conta, os pequenos desenvolvem a criatividade e se expressam. Quando a criança joga com um brinquedo organizado e com regras, como um quebra-cabeça, ela aprende a enfrentar desafios, se concentrar, montar estratégias. Nas brincadeiras ao ar livre, elas aprendem a explorar o ambiente, conhecer os limites espaciais e de seu próprio corpo.
Atividades lúdicas ajudam a desenvolver a motricidade, promovem o relacionamento da criança com os outros e, ao apresentarem desafios e conflitos que precisam ser solucionados, elas ensinam as crianças a pensar! Assim, uma “simples” brincadeira contribui para a saúde física, emocional e intelectual do seu filho.

As atividades lúdicas promovem vínculos e sociabilização

Uma questão essencial para uma vida feliz, em qualquer idade, é a capacidade de conviver bem com os demais, ter bons relacionamentos. O desenvolvimento do nosso lado social começa desde muito cedo, e as brincadeiras de infância podem ter um impacto decisivo.
Brincando com amigos, a criança conhece o companheirismo. Também se torna resiliente, pois passa a aceitar a frustração da derrota, assim como a alegria da vitória, como coisas naturais. O brinquedo certo ensina os pequenos até a lidarem com as diferenças ! E, ainda, é ao brincar que a criança estabelece e fortalece suas relações afetivas.

Os adultos também brincam

Quando os pais decidem entrar na brincadeira, aumenta o interesse da criança pela atividade. Isso tanto porque a criança se sente prestigiada, como pelo fato de que o adulto enriquece o jogo ao trazer um repertório diferente e estimulante.
Ao brincar com os filhos, você fortalece as relações da família. A criança compreende o mundo pela brincadeira e, portanto, precisa conhecer seu pai e sua mãe em situações diferentes das do cotidiano, para além do comer, tomar banho, escovar dentes, fazer lição. Ao brincar juntos, as relações se igualam e o adulto demonstra aos mais novos quem ele é na sua essência. A criança também revela a própria essência durante a brincadeira.
Permitir que seu filho tenha bastante tempo dedicado a atividades lúdicas é uma forma de vê-lo feliz hoje e prepará-lo para a vida toda, nos mais variados aspectos — como o social, o intelectual, a saúde física. É também a melhor forma de estreitar os laços de amor, carinho e compreensão que unem a família. Brincar só traz vantagens: não tem contraindicações!
Agora que você entendeu por que atividades lúdicas são tão importantes para a criança, conte para a gente: você costuma brincar com os seus filhos? Quais são as suas atividades favoritas?

fonte: http://blog.abaratadizqtem.com.br/por-que-atividades-ludicas-sao-tao-importantes-para-a-crianca/

sexta-feira, 25 de março de 2016

COMO AJUDAR A CRIANÇA A SE ALFABETIZAR

Alfabetizar é ampliar as possibilidades de relação com o mundo. E se a brincadeira contribui para a internalização do mundo, não podemos dissociar brincadeira de alfabetização. Aproveite as ideias para ensinar brincando! (Taise Agostini)










quinta-feira, 24 de março de 2016


Incentivar a autonomia é fundamental para o desempenho cognitivo da criança

Pesquisa canadense mostra que, quando as mães dão suporte para que a criança possa realizar atividades sozinha, há uma melhora em sua capacidade de resolver problemas, na memória e no pensamento

Por Naíma Saleh - atualizada em 20/02/2015 12h24
Mãe bebê brincar blocos (Foto: Thinkstock)

Você faz tudo para o seu bebê? Tudo até encaixar um bloco de brinquedo que ele não está conseguindo? Veja só: um estudo realizado na Universidade de Montreal com 78 mães e filhos mostrou que, quando elas dão autonomia às crianças, há um impacto positivo na função executiva, um dos pilares do desenvolvimento cognitivo. Essa função engloba a memória de trabalho, raciocínio, capacidade de resolução de problemas e flexibilidade de tarefas, além da capacidade de planejamento e execução de atividades.
Para o estudo, as famílias foram visitadas em duas ocasiões: quando a criança tinha 15 meses e depois, ao completar 3 anos. Na primeira visita, foi pedido à mãe que ajudasse o filho a completar uma tarefa com um nível de dificuldade consideravelmente alto. Essa atividade durava cerca de 10 minutos e foi gravada em vídeo para que os pesquisadores pudessem analisar o tipo de suporte materno. Ou seja, se ela o encorajava, se era flexível, se incentivava e respeitava o ritmo da criança.
Quando as crianças completaram 3 anos, os cientistas, por meio de uma série de jogos adaptados, avaliaram a força da memória de trabalho e da capacidade de pensar sobre vários conceitos simultaneamente. Aquelas que obtiveram melhores pontuações tinham mães que ofereciam um suporte consistente ao desenvolvimento de sua autonomia.
Autônomo desde cedo?

Você pode até achar exagero dar autonomia ao bebê desde pequeno. Mas trata-se de um processo gradual, que vai se desenvolvendo à medida que o seu filho realiza novas conquistas e adquire condições que contribuem pouco a pouco para que ele se torne independente. “Nós não ‘damos’ autonomia a uma criança, nós vamos ensinando e deixando que ela tente resolver questões, situações e conflitos nos quais houve uma orientação prévia, para que possamos reforçar os conceitos educativos e valores morais ensinados anteriormente. Neste sentido, a escolha da criança não é autônoma, mas supervisionada por pais ou responsáveis”, explica a psicóloga Rita Calegari, do Hospital São Camilo (SP).
Por isso, não se assuste: incentivar essa independência do seu filho é muito diferente de deixá-lo tomar decisões e fazer escolhas por conta própria. “Esse estímulo desde bebê é extremamente desejável. Para um desenvolvimento psicológico saudável é necessário que se interaja com o ambiente e que este o desafie, isto é: propor à criança situações que estimulem a busca ativa por soluções”, explica o psicólogo e neurocientista Hudson de Carvalho, do Código da Mente. 
Isso quer dizer que você deve estar ao lado da criança, orientando no que for possível, incentivando a realização de tarefas e propondo novos desafios, sempre permitindo que ela supere seus limites e explore o ambiente, dentro do que for seguro. “Dar espaço e oportunidade ao bebê é um ato de amor, cuidado e desprendimento”, explica o psicólogo Hudson.
É precisamente este terceiro item que representa o maior obstáculo para os pais: todo mundo quer ver o filho feliz e realizado, por isso é difícil (e doloroso) vê-lo lidar com o erro e a decepção sem interferir.  “O desprendimento surge quando o pai e mãe permitem que a criança lide com a frustração. Deve-se dar incentivos para que o bebê tente resolver algo que tenha condições de dar conta sozinho”, completa Hudson.
Quer saber como, no dia a dia, você pode incentivar a autonomia do seu filho? Confira abaixo dicas que você pode aplicar de acordo com a idade da criança:
- Envolva a criança aos poucos em pequenas escolhas do dia a dia. Deixe-a decidir qual será a sobremesa do almoço de sábado, por exemplo. Dê opções de trajes para que decida o que prefere vestir, apresente diferentes livros. Dica: limite o número de opções para que ela não se sinta perdida.
- Deixe o seu filho ciente sobre os ônus e bônus de toda a escolha, antes que ela decida o que quer e dê tempo para que possa refletir.
- Se a criança se arrepender da escolha que fez, ensine-a a lidar com a frustração! Explique que é assim mesmo, que haverá outras oportunidades e que ela fez o que achou melhor para aquele momento. Não a critique ou diga "eu te disse!".
- Separe todos os dias 30 minutos para brincar com seu filho e neste período de tempo se proíba de corrigi-lo, repreendê-lo e guiar a brincadeira. Faça aquilo que ele indicar que quer fazer - desde que não o coloque em risco, claro!
Fonte: http://revistacrescer.globo.com/Bebes/Desenvolvimento/noticia/2015/02/incentivar-autonomia-e-fundamental-para-o-desempenho-cognitivo-da-crianca.html

quinta-feira, 10 de março de 2016

Crianças não separam emoções e sensações nas suas vivências. Crianças experimentam o mundo por inteiro ... com o corpo todo e a mente. Todas as dimensões participam do que propomos a elas, por isso, ao planejarmos momentos de desenho, movimentos do corpo e música, o que de fato estamos provocando? Temos consciência do conjunto de sensações, emoções e criações que estamos despertando? (Ateliê Giramundo)

É dança? É música? É desenho? É dança-desenho!

Crianças não separam emoções e sensações nas suas vivências. Crianças experimentam o mundo por inteiro … com o corpo todo e a mente. Todas as dimensões participam do que propomos a elas, por isso, ao planejarmos momentos de desenho, movimentos do corpo e música, o que de fato estamos provocando? Temos consciência do conjunto de sensações, emoções e criações que estamos despertando?
Nesse sentido, alguns estudiosos têm pesquisado a abrangência do envolvimento das pessoas com as Artes e algumas conclusões podem contribuir com as práticas da Educação. Um foco desses estudos pesquisa a conexão entre desenho, pintura e as expressões do corpo.
Que relações existem entre o corpo que se movimenta e dança ao som da música e o corpo que risca e pinta sobre um suporte?
 Vamos pensar nas expressões do corpo:
O corpo que se movimenta criativamente ao som de uma música, quase que flutua. Se pensarmos bem, a dança ou movimentos expressivos, buscam dar ao corpo um estado de leveza. Ao dançar fazemos gestos que marcam o espaço e lutam contra a força da gravidade.
→ Vamos pensar no corpo que desenha:

O pintor e o desenhista também usam seu corpo na ação de marcar os suportes. Segundo o filósofo francês contemporâneo Merleau-Ponty, emprestando seu corpo ao mundo é que o pintor transforma o mundo em pintura, (…) num entrelaçado de visão e movimento.
Assim, podemos compreender o que inspirou os estudiosos a pensarem no corpo empenhado na operação de pintar e desenhar e, no sentido inverso, os gestos da pintura e do desenho expressando movimentos corporais poéticos.
É comum observar crianças pequenas se debruçarem, se remexerem e ocuparem espaços amplos ao desenhar. Nesses momentos, todo o corpo da criança desenha.


Seguindo por esse caminho, o artista plástico italiano Alessandro Lumare e a coreógrafa Simona Lobefato criaram o estúdio Segni Mossi  para aprofundar a experimentação e desenvolver um trabalho de formação artística para crianças e educadores. O eixo do estúdio é a relações entre a dança e as marcas gráficas do desenho. Essa postagem precisaria de movimento e música para transmitir as dimensões do trabalho inovador que esse estúdio desenvolve, mas é possível conhecer alguns trabalhos dos artistas em filmes no YouTube .

Em São Paulo, o Instituto Avisa lá realiza um trabalho formativo no CEI Shangri-la, que inclui experiências com a dança-desenho. No dia em que visitamos a creche conhecemos algumas propostas que colocam a intenção do professor na conexão das múltiplas artes.

Na sala multisseriada, com crianças de 2 e 3 anos, as professoras Rosilene e Adriana prepararam o ambiente colocando tecidos que encobriam estantes e outros móveis, conferindo organização estética ao espaço. Fixaram grandes folhas de papel kraft numa parede, no chão e em algumas mesas tombadas, para provocar o desenho em diferentes planos. Prepararam canetões e lápis dispostos estrategicamente no chão, sobre os papeis. desenho e dança7Alguns lápis foram reunidos com fita crepe formando riscadores coloridos e de pega grossa. Lenços, pequenos pedaços de tecido e uma música instrumental completaram a preparação do ambiente. A professora sentou com as crianças na entrada da sala, retomou alguns combinados e convidou a turma a sentir a música e desenhar. Alguns pequenos dançaram fazendo os tecidos voarem, outros pegaram os riscadores e começaram a desenhar. A professora observava. Quando percebia que um grupo estava próximo, sugeria novas experiências fazendo movimentos e brincando. Ao rolar encostada na parede, riscava o grande papel kraft lá fixado. Mais tarde, colocou um canetão entre os dedos do próprio pé e desenhou. Trouxe um banco e, debruçada sobre ele, riscou o papel do chão. Em todas as situações a professora inspirou grupos de crianças sem precisar falar nada. Os pequenos imitavam e depois criavam seus modos. A turma apreciou a música, movimentou o corpo expressivamente e marcou os papeis de diversas formas. Tudo com muita brincadeira e energia criativa.

No solário da sala da turma de 3 anos, as professoras Maria Cristina e Fernanda amarraram dois grandes pedaços de tecido numa ripa do teto formando uma espécie de balanço. Fixaram no chão folhas de papel branco e colorido sob um dos balanços e um pedaço de plástico sob o outro. Com canetas do tipo marcador de CD, duas crianças deitaram de bruços nos balanços de tecido. Ao som de uma música e balançadas pelas professoras, riscavam os suportes acompanhando os movimentos do corpo. Quem assistia a cena percebia a entrega completa ao momento e aos gestos. Depois de satisfeitas, outras duas crianças ocupavam o lugar.
desenho e dança 5 Segni Mossi
Desenhar dançando ou dançar desenhando não parece estranho quando observamos as crianças participando dessas propostas. A naturalidade em experimentar e vencer os desafios amplia a vontade de criar soluções e inventar brincadeiras. Cada vez que o ambiente organizado e as notas musicais envolvem os pequenos, fazem explodir movimentos expressivos e marcas do desenho, nesse contexto a criança se percebe, se gosta e se desenvolve.
FONTE: http://www.tempodecreche.com.br/linguagens-expressivas/e-danca-e-musica-e-desenho-e-danca-desenho/